quinta-feira, 29 de setembro de 2011

DE QUANTOS D’s PRECISAMOS?

O mundo em que vivemos é tridimensional, a nossa visão enxerga tridimensionalmente e por tanto, somos plenamente acostumados ao 3D, porém, a fotografia é um elemento constituído fisicamente apenas por duas dimensões, altura e largura, simples assim, mas existe uma dimensão não física no papel fotográfico, o tempo a que nos remete uma fotografia.
Fotografei algumas portas e uma coisa que me chama atenção nessas fotos é a planalidade que elas nos apresentam, vendo uma porta frontalmente ela nos mostra apenas duas dimensões, altura e largura e sendo assim, podemos fazer uma relação de bi-dimensionalidade entre uma porta e uma fotografia e ainda somos convidados a imaginar qual seria o próximo mundo tridimensional que existe por trás delas, não dispensando ainda uma quarta dimensão, a do tempo.
Convido os espectadores a pensarem, criarem, imaginarem que mundos tridimensionais são esses que existem atrás dessas lindas portas bidimensionais, á quanto tempo elas abrem e fecham, ou á quanto tempo estão apenas fechadas (fazendo aqui uma ligação com o primeiro post desse blog que fala sobre objetos que foram destituídos de suas funções primárias), que tipo de pessoas já entraram e saíram por elas e com quais intenções.
É uma viagem no mínimo interessante, vale a pena!










terça-feira, 27 de setembro de 2011

Aprender com os grandes para ser grande

Acredito fervorosamente que quando estudamos as fotografias feitas por grandes fotógrafos, apuramos nosso olhar fotográfico, nossa técnica e também o senso crítico, conseguimos distinguir melhor o que é e o que não é bom, fotograficamente falando.
Ao ver no Museu Oscar Niemeyer em Curitiba a exposição do fotógrafo húngaro Gyula Halász, mais conhecido como BrassaÏ, fiquei completamente envolvido pela sua maneira tão peculiar de fotografar e desejei fazer algo “parecido” (é muita pretensão minha ou de qualquer outra pessoa querer fazer algo “parecido” com a Obra de BrassaÏ), mesmo sabendo que é impossível nos tempos de hoje e com o equipamento utilizado fazer algo que pelo menos se aproxime de sua genialidade.
BrassaÏ fotografava uma Paris dos anos 30, noturna e boemia, ele se referenciava em Eugène Atget (outro ícone que deve ser conhecido obrigatoriamente por todo fotógrafo que se preze), que por sua vez foi um grande ícone da fotografia documental, excluindo o homem e todo o seu narcisismo de suas fotos, registrando imagens de uma Paris vazia, onde nos dá a entender a sua busca pelos vestígios que a cidade oferecia. Mas BrassaÏ também fotografava os personagens noturnos de uma Paris contraventora e diferente da que tanto ouvimos falar.
Sei que minhas fotografias jamais serão como a de um mestre como BrassaÏ, mas a minha tentativa, a minha brincadeira, me trouxe muito prazer e satisfação e sei que a minha visão de mundo,os fragmentos cristalizados de mundo que deixo tem pelo menos um inspiração digna e não vulgarizada.

Fragmentos de uma Curitiba noturna.










segunda-feira, 26 de setembro de 2011

“A Beleza será convulsiva ou nada será.”

Sejam bem vindos ao Beleza Convulsiva!
Uma fotografia anônima, representando uma locomotiva sendo tomada pela vegetação, ilustrou um texto importante de Benjamin Peret, “La nature dévore le progrès et le dèpasse”, publicado em 1937, na edição número 10 da revista surrealista Minotaure.
Andrè Breton teria sentido não ter em mãos essa mesma foto para ilustrar seu texto “La beuaté será convulsive”. (Publicado pela 1ª vez em 1934, no número 4 da mesma revista, e republicada 3 anos depois em seu livro L’amour fou. “La photographie et le text surrealiste”.
Breton lamentou pelo fato de essa imagem poder traduzir com nitidez um dos seus tipos de “beleza convulsiva”: a sensação de alguém diante de algo que não é o que parece ser, ou que já foi desprovida dos elementos constitutivos de sua própria natureza. A imagem da locomotiva sendo engolida pela floresta, destituída da sua razão de ser (que seria o locomover-se) nos descreve a beleza convulsiva causada por um objeto que deveria estar em movimento mas que, por alguma razão, foi detido.
Este texto deu origem hoje ao Beleza Convulsiva, um novo espaço, o meu espaço, para mostrar um pouco da Beleza Convulsiva que registro em minhas fotos.
Deguste!
Roniel Fonseca