DIA DE DOMINGO

O “dia de domingo” para muitas pessoas é o dia do descanso, do lazer, sair com a família, com os amigos, ficar em casa simplesmente fazendo nada, alguns trabalham outros passam estudando, outros vão á igreja ou ao cinema ou ainda ao teatro, enfim, em uma cidade como Curitiba, existem milhares de possibilidades para o dia de domingo e fotografar o próprio “dia de domingo”, é uma delas. Saí por ai fotografando o que em minha opinião poderia contextualizar um “dia de domingo” e mostro aqui algumas dessas fotos.

A TRADIÇÃO DA XV

A Rua XV de Novembro é um dos mais visitados pontos turísticos de Curitiba, ela chamava-se Rua Imperatriz até 1889 e seu nome foi alterado em homenagem á proclamação da república. Em 1972 foi inaugurada como a primeira via pública exclusiva para pedestres do país e foi tombada como Paisagem em 1974. A arquitetura da Rua XV é caracterizada por edifícios e sobrados centenários, além de bares, lojas, cafés e seus famosos canteiros de flores por toda sua extensão e tudo isso já foi fotografado e re-fotografado milhares de vezes por pessoas de todas as partes do mundo. Eu também estive lá pra fazer algumas fotos desse cantinho tão tradicional de Curitiba, mas não da rua como um todo e sim dos seus fragmentos.
Vejam o resultado!

O Mercado Municipal como você nunca viu

Incumbidos de fazer um ensaio fotográfico com a proposta de discutir a visão fotográfica de pessoas diferentes com fotografias feitas em um mesmo local e horário, eu e as estudantes de fotografia Vanessa Moura e Ellen Noda, optamos por fotografar o Mercado Municipal de Curitiba, um lugar não pouco visado por fotógrafos devido á grande quantidade de assuntos a serem fotografados por lá, muitas pessoas, muitos produtos, muitas cores, muito tudo. Eu não queria fazer mais umas dezenas de fotos iguais a tantas milhares que já foram feitas daquele local, e ao saber que o mercado estava em obras de ampliação das suas instalações, procurei logo uma maneira de me infiltrar nos locais proibidos ao público durante as reformas.
Quando se fala em fotos do Mercado Municipal, automaticamente imaginamos os assuntos que já mencionei acima, mas abaixo seguem fotos de um Mercado Municipal escondido e longe da imaginação do público e que não serão feitas em qualquer dia de visita.

“Seu” Belmiro

A minha intenção não era falar de pessoas específicas neste blog, mas essa figura é indispensável falar a respeito.
Enquanto eu fazia as fotos das portas (post anterior a esse), conheci o “Seu” Belmiro, uma figura ímpar e muito interessante! Muito curioso me perguntou o que eu fotografava e dei-lhe as devidas explicações que levaram a uma longa conversa sobre sua vida.
Menino, disse ele, “sou descendente de portugueses com judeus e cresci no bairro Bigorrilho em meio aos descendentes de alemães, eu era escurinho e as mães de meus amigos branquinhos não gostavam de mim hahahaha, até aprendi a falar alemão”. Nascido em 1926, hoje com 86 anos e uma vivacidade incrível, “Seu” Belmiro está longe de ser velho! Segundo ele seu nome é italiano e “Bel” vem de belo e “miro” vem de mirar. Contou longas estórias sobre uma Curitiba do passado, sobre suas ruas de paralelepípedos e o pecado que estão querendo cometer em colocar asfalto no lugar das pedras históricas. Diz ele que andava pendurado no bonde, pois não havia dinheiro para pagar. Ele havia acabado de cortar os poucos cabelos que ainda lhe restam e fez questão de me levar para conhecer seu barbeiro que está ao lado do Jockers a mais de 30 anos. Chegamos a falar até de Jesus Cristo, ele diz que Jesus por ser judeu, tinha pele escura, olhos escuros e nariz largo, “esse Jesus loiro de olhos azuis ai é coisa de italiano, eles que pintaram ele assim”
É sempre surpreendente conversar com pessoas mais experientes e conhecer alguém assim na rua é um achado valioso! Sempre que lhe for possível, converse com idosos, você estará fazendo um bem gigante para elas e pra você mesmo!